3.7.09

"Ensaio Sobre Amizade"

Postado por Cristie®

Hoje é o aniversário, de uma pessoa mais que especial prá mim, Milla Café. Comentarista das melhores que já vi nessa 'Net', exatamente por ser quem é. Verdadeira, sensível, perspicaz e a amiga mais leal e carinhosa que se possa almejar.
Tanta coisa prá dizer, desejar... Desta vez, farei minhas as palavras de "Lya Luft". Com certeza, elas traduzirão tudo o que sinto.


MaLLuquete, Feliz Aniversário!!!


"Ensaio Sobre Amizade"

Que qualidade primeira a gente deve esperar de alguém com quem pretende um relacionamento? Perguntou-me o jovem jornalista, e lhe respondi: aquelas que se esperaria do melhor amigo. O resto, é claro, seriam os ingredientes da paixão, que vão além da amizade. Mas a base estaria ali: na confiança, na alegria de estar junto, no respeito, na admiração. Na tranqüilidade. Em não poder imaginar a vida sem aquela pessoa. Em algo além de todos os nossos limites e desastres.

Talvez seja um bom critério. Não digo de escolha, pois amor é instinto e intuição, mas uma dessas opções mais profundas, arcaicas, que a gente faz até sem saber, para ser feliz ou para se destruir. Eu não quereria como parceiro de vida quem não pudesse querer como amigo. E amigos fazem parte de meus alicerces emocionais: são um dos ganhos que a passagem do tempo me concedeu. Falo daquela pessoa para quem posso telefonar, não importa onde ela esteja nem a hora do dia ou da madrugada, e dizer: “Estou mal, preciso de você”. E ele ou ela estará comigo pegando um carro, um avião, correndo alguns quarteirões a pé, ou simplesmente ficando ao telefone o tempo necessário para que eu me recupere, me reencontre,
me reaprume, não me mate, seja lá o que for.

Mais reservada do que expansiva num primeiro momento, mais para tímida, tive sempre muitos conhecidos e poucas, mas reais, amizades de verdade, dessas que formam, com a família, o chão sobre o qual a gente sabe que pode caminhar. Sem elas, eu provavelmente nem estaria aqui. Falo daquelas amizades para as quais eu sou apenas eu, uma pessoa com manias e brincadeiras, eventuais tristezas, erros e acertos, os anos de chumbo e uma generosa parte de ganhos nesta vida. Para eles não sou escritora, muito menos conhecida de público algum: sou gente.

A amizade é um meio-amor, sem algumas das vantagens dele mas sem o ônus do ciúme – o que é, cá entre nós, uma bela vantagem. Ser amigo é rir junto, é dar o ombro para chorar, é poder criticar (com carinho, por favor), é poder apresentar namorado ou namorada, é poder aparecer de chinelo de dedo ou roupão, é poder até brigar e voltar um minuto depois, sem ter de dar explicação nenhuma. Amiga é aquela a quem se pode ligar quando a gente está com febre e não quer sair para pegar as crianças na chuva: a amiga vai, e pega junto com as dela ou até mesmo se nem tem criança naquele colégio.

Amigo é aquele a quem a gente recorre quando se angustia demais, e ele chega confortando, chamando de “minha gatona” mesmo que a gente esteja um trapo. Amigo, amiga, é um dom incrível, isso eu soube desde cedo, e não viveria sem eles. Conheci uma senhora que se vangloriava de não precisar de amigos: “Tenho meu marido e meus filhos, e isso me basta”. O marido morreu, os filhos seguiram sua vida, e ela ficou num deserto sem oásis, injuriada como se o destino tivesse lhe pregado uma peça. Mais de uma vez se queixou, e nunca tive coragem de lhe dizer, àquela altura, que a vida é uma construção, também a vida afetiva. E que amigos não nascem do nada como frutos do acaso: são cultivados com… amizade. Sem esforço, sem adubos especiais, sem método nem aflição: crescendo como crescem as árvores e as crianças quando não lhes faltam nem luz nem espaço nem afeto.

Quando em certo período o destino havia aparentemente tirado de baixo de mim todos os tapetes e perdi o prumo, o rumo, o sentido de tudo, foram amigos, amigas, e meus filhos, jovens adultos já revelados amigos, que seguraram as pontas. E eram pontas ásperas aquelas. Agüentei, persisti, e continuei amando a vida, as pessoas e a mim mesma (como meu amado amigo Erico Verissimo, “eu me amo mas não me admiro”) o suficiente para não ficar amarga. Pois, além de acreditar no mistério de tudo o que nos acontece, eu tinha aqueles amigos. Com eles, sem grandes conversas nem palavras explícitas, aprendi solidariedade, simplicidade, honestidade, e carinho.

Nesta página, hoje, sem razão especial nem data marcada, estou homenageando aqueles, aquelas, que têm estado comigo seja como for, para o que der e vier, mesmo quando estou cansada, estou burra, estou irritada ou desatinada, pois às vezes eu sou tudo isso, ah!, sim. E o bom mesmo é que na amizade, se verdadeira, a gente não precisa se sacrificar nem compreender nem perdoar nem fazer malabarismos sexuais nem inventar desculpas nem esconder rugas ou tristezas. A gente pode simplesmente ser: que alívio, neste mundo complicado e desanimador, deslumbrante e terrível, fantástico e cansativo. Pois o verdadeiro amigo é confiável e estimulante, engraçado e grave, às vezes irritante; pode se afastar, mas sabemos que retorna; ele nos agüenta e nos chama, nos dá impulso e abrigo, e nos faz ser melhores: como o verdadeiro amor.

(Lya Luft)

9 Comentários:

MilaCafé disse...

Minha queridíssima amiga/irmã CRISTINA.

Me proporcionaste uma das maiores emoções da minha vida e uma IMENSA ALEGRIA com esta homenagem maravilhosa.

Fiquei pensando o dia todo em como eu poderia te agradecer e dizer o quanto você faz a diferença na minha vida - não consigo com palavras, pois elas não conseguiriam expressar meu sentimento e pensei: como diz o texto, amigo às vezes não precisa dizer nada.

Vou me portar assim, não encontro nenhuma palavra que expresse meu carinho, minha admiração e o meu amor por você.

Te adoro muito!!!

beijos da

MilaCafé (MaLLuquete)

Cristie® disse...

Ah! Milla,
Isso porque tu disse que não ia dizer 'nada'... Ahuahuahu
Olha, nada no mundo é mais precioso que isso. Amizade 'DaBôa' (rs) e a reciprocidade em sua plenitude.
Adoro vc também...
Beijossssss ♥

Petit disse...

Cris
Faz tempo q queria deixar um recado aqui, e agora encontrei a oportunidade perfeita: comentar no post em homenagem à MilaCafé!!!
O texto da Lya Luft é belíssimo e inspirador...q ótemaaa escolha!!!!
A Malu é uma pessoa incrível mesmo, uma amiga atenciosa e dedicada d+!!!
Gosto muitoooo de ti, parabéns pelo blog!! bjsss da Petit

Cristie® disse...

Petitttt... Uhuuuuu!!!
Seja bem-vinda querida, com direito a tapete vermelho virtual e tudo o mais.Hahaha
E pópara com esse lance de oportunidade. Diga o que, e quando quiser.
Gosto demais de ti e estou felicíssima de te ver de novo. A casa é sua...
Beijossssss ♥

Anônimo disse...

Muito lindo Cristie e parabéns a Milla, q acredito ja ter visto no blog da Scully ( adoro, embora pouco comente lá) bjs

ps: desculpem a minha fotinho...rs

Cristie® disse...

Oi, Born!
Essa Lya Luft é danada, né? rs
Isso... Milla é uma das mais queridas da velha-guarda, assim como a Petit aqui presente. Ambas faziam parte de um time de comentaristas incrível por lá. Belos tempos, muita saudade de todos.
Qto a foto... Ah! muito fofa e criativa. Eu gosto!!!
Beijos lindona.

MilaCafé disse...

Petit: obrigada!

Born, Obrigada pelo carinho, sempre te leio aqui na Cris!

beijos

Marquer disse...

Atrasadão, mas mesmo atrasado...

Mila é especial. Vemos todos normalmente como pessoas, amigas ou não... mas tem pessoas, que mesmo sendo amigas, ou não, não conseguimos olhar, ver, senão como um Ser Humano!

Mila deixou de ser uma pessoa comum...ela é especial!

MilaCafé disse...

Marquer, fiquei esses três dias pensando se mereço de fato todo esse carinho que vc e a Cris, Petit e demais pessoas dedicam a mim, mas confesso que ADOREI, fiquei com o ego lá em cima com suas palavras e so posso dizer que especiais são vocês que me fizeram tão linda homenagem!.

Obrigada por esse tempo de doce convívio e por me ensinar tanta coisa boa que me torna uma pessoa melhor!

Beijos