30.12.09

♫ Adeus Ano Velho... ♫ ♫

Postado por Cristie®

CultAnoNovo4


"Receita De Ano Novo"

Para você ganhar belíssimo Ano Novo
Cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(Mal vivido talvez, ou sem sentido)

Para você ganhar um ano
Não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
Mas novo nas sementinhas do vir-a-ser; Novo.
Até no coração das coisas menos percebidas
(A começar pelo seu interior)
Novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
Mas com ele se come, se passeia,
Se ama, se compreende, se trabalha,
Você não precisa beber champanhe,
Não precisa expedir nem receber mensagens
(Planta recebe mensagens? passa telegramas?)

Não precisa fazer lista de boas intenções
Para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido pelas besteiras consumadas,
Nem parvamente acreditar que por decreto de esperança
A partir de Janeiro as coisas mudem e seja tudo claridade,
Recompensa, justiça entre os homens e as nações,
Liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
Direitos respeitados, começando pelo direito augusto de viver.

Para ganhar um Ano Novo que mereça este nome,
Você, meu caro, tem de merecê-lo,
Tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
Mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo cochila
E espera desde sempre.

Carlos Drummond de Andrade

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26.12.09

Oração A Mim Mesmo

Postado por Cristie®


Que eu me permita olhar e escutar
E sonhar mais. Falar menos.
Chorar menos.

Ver nos olhos de quem me vê a admiração que eles me têm
E não a inveja que prepotentemente penso que seja.
Escutar com meus ouvidos atentos e minha boca estática,
As palavras que se fazem gestos e os gestos que se fazem palavras.

Permitir sempre escutar aquilo
Que eu não tenho me permitido escutar.

Saber realizar os sonhos
Que nascem em mim e por mim
E comigo morrem por eu não os saber sonhos.

Então, que eu possa viver
Os sonhos possíveis e os impossíveis;
Aqueles que morrem e ressuscitam
A cada novo fruto,
A cada nova flor,
A cada novo calor,
A cada nova geada,
A cada novo dia.

Que eu possa sonhar o ar,
Sonhar o mar,
Sonhar o amar,
Sonhar o amalgamar.

Que eu me permita o silêncio das formas,
Dos movimentos, do impossível,
Da imensidão de toda profundeza.

Que eu possa substituir minhas palavras
Pelo toque, pelo sentir,
Pelo compreender,
Pelo segredo das coisas mais raras,
Pela oração mental
(Aquela que a alma cria
E que só ela, alma, ouve
E só ela, alma, responde).

Que eu saiba dimensionar o calor,
Experimentar a forma,
Vislumbrar as curvas, desenhar as retas,
E aprender o sabor da exuberância
Que se mostra nas pequenas manifestações da vida.

Que eu saiba reproduzir na alma
A imagem que entra pelos meus olhos
Fazendo-me parte suprema da natureza,
Criando-me e recriando-me a cada instante.

Que eu possa chorar menos de tristeza
E mais de contentamentos.
Que meu choro não seja em vão,
Que em vão não sejam minhas dúvidas.

Que eu saiba perder meus caminhos,
Mas saiba recuperar meus destinos com dignidade.
Que eu não tenha medo de nada,
Principalmente de mim mesmo:
- Que eu não tenha medo de meus medos!

Que eu adormeça
Toda vez que for derramar lágrimas inúteis,
E desperte com o coração cheio de esperanças.

Que eu faça de mim um homem sereno
Dentro de minha própria turbulência,
Sábio dentro de meus limites pequenos e inexatos,
Humilde diante de minhas grandezas tolas e ingênuas
(Que eu me mostre o quanto são pequenas minhas grandezas
E o quanto é valiosa a minha pequenez).

Que eu me permita ser mãe,
Ser pai, e, se for preciso,
Ser órfão.

Permita-me eu ensinar o pouco que sei
E aprender o muito que não sei,
Traduzir o que os mestres ensinaram
E compreender a alegria
Com que os simples traduzem suas experiências;
Respeitar incondicionalmente o ser;
O ser por si só,
Por mais nada que possa ter além de sua essência,
Auxiliar a solidão de quem chegou,
Render-me ao motivo de quem partiu
E aceitar a saudade de quem ficou.

Que eu possa amar e ser amado.
Que eu possa amar mesmo sem ser amado,
Fazer gentilezas quando recebo carinhos;
Fazer carinhos mesmo quando não recebo gentilezas.

Que eu jamais fique só,
Mesmo quando eu me queira só.
Amém.

(Oswaldo Antônio Begiato)

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26.12.09

Edge Of Darkness

Postado por Cristie®


Título Original: Edge Of Darkness
Título Traduzido: O Fim Da Escuridão
Gênero: Policial/Suspense
Elenco: Mel Gibson, Danny Huston, Shawn Roberts, Ray Winstone, Bojana Novakovic.
Estréia: 29/Janeiro/2010

Sinopse: Thomas (Mel Gibson) é um detetive policial que testemunha o assassinato da filha ativista na porta de sua casa. Perturbado pela perda e convencido de que ele era o alvo, Thomas parte para uma investigação obcecado por justiça. As evidências o levarão a descobrir que sua filha escondia segredos sobre o governo dos EUA, um complexo esquema de corrupção envolvendo políticos e a indústria de armas nucleares norte americanas.

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24.12.09

Feliz Natal

Postado por Cristie®

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Neste natal desejo que você viva, sonhe, ame, realize...
Deixe para trás suas limitações e busque novas perspectivas e possibilidades...
Reflita mais, pondere mais, repense seus valores, reconsidere equívocos...
Faça planos, rompa barreiras, realize sonhos que ficaram pelo caminho...
Viva intensamente e perceba que ser feliz, pode ser bem simples.
Desejo a você e toda sua família,
Um natal repleto de paz, harmonia e felicidade.
Feliz Natal!!!

Cristie

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21.12.09

A Fazenda (Ao Vivo)

Postado por Cristie®


"Atenção"
Para acessar A Fazenda, clique na aba correspondente localizada no menu superior.

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18.12.09

Sempre Ao Seu Lado

Postado por Cristie®



Título Original: Hachiko - A Dogs History
Título Traduzido:
Gênero: Drama
Elenco: Richard Gere, Joan Allen, Cary-Hiroyuki Tagawa, Sarah Roemer, Jason Alexander e Erick Avari.
Estréia: 25/Dezembro/2009

Sinopse: Baseado em uma história real, trata-se da refilmagem de uma produção japonesa que conta a história de Hachiko, um filhote da raça Akita, encontrado perdido por Parker (Richard Gere) em uma estação de trem. Ambos se identificam instantâneamente e Parker decide levá-lo para casa. Todos rapidamente se apaixonam pelo cão, mas é entre os dois que se desenvolve o mais profundo laço de amizade e lealdade. Uma história comovente e emocionante.
Hachiko é extremamente popular no Japão tido como símbolo da fidelidade. É celebrado todos os anos e até mesmo uma estátua, em sua homenagem, foi erguida em uma praça de Tóquio.



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15.12.09

Nascente

Postado por Cristie®



"Nascente" - (Flávio Venturini/Murilo Antunes)

Clareia manhã,
O sol vai esconder a clara estrela,
Ardente...
Pérola do céu refletindo,
Teus olhos...
A luz do dia a contemplar teu corpo,
Sedento...
Louco de prazer e desejos,
Ardentes...

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15.12.09

O Diário De Anne Frank

Postado por Cristie®


O depoimento da pequena Anne Frank, morta pelos nazistas após passar anos escondida no sotão de uma casa em Amsterdã, ainda hoje emociona leitores no mundo inteiro. Seu diário narra os sentimentos, medos e pequenas alegrias dde uma menina judia que, com sua família, lutou em vão para sobreviver ao Holocausto.

Lançado em 1947, 'O Diário de Anne Frank' tornou-se um dos maiores sucessos editoriais de todos os tempos. Um livro tocante e importante que conta às novas gerações os horrores da perseguição aos judeus durante a Segunda Guerra Mundial.

Agora, seis décadas após ter sido escrito, este relato finalmente é publicado na íntegra, com um caderno de fotos e o resgate de trechos que permaneciam inéditos. Uma nova edição que aprofunda e aumenta nossa compreensão da vida e da personalidade dessa menina que se transformou em um dos grandes símbolos da luta contra a opressão e a injustiça. E consagra 'O Diário de Anne Frank' como um dos livros de maior importância do século XX. Uma obra que deve ser lida por todos, para evitar que atrocidades parecidas voltem a acontecer neste mundo.

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13.12.09

Circumponto - (Definição)

Postado por Cristie®


Diante da intensa procura pelo significado de 'circumponto', pesquisei e constatei que realmente existe pouco material sobre o assunto em questão.
O circumponto, segundo Robert Langdon tem inúmeros significados. É um dos símbolos mais usados da história. No Antigo Egito, era o símbolo de Rá, o deus-sol, e a astronomia moderna ainda o utiliza da mesma forma. Na filosofia oriental, ele representa o insight espiritual do terceiro olho, a rosa divina e a iluminação. Os cabalistas costumam usá-lo para simbolizar o Kether, o mais elevado dos Sephiroth e a “mais escondida de todas as coisas escondidas”. Os primeiros místicos chamavam-no de Olho de Deus, e ele é a origem do olho que tudo vê do Grande Selo. Os pitagóricos usavam o circumponto como símbolo da Mônada, a Divina Verdade, a Prisca Sapientia, a união da mente e da alma. É essencialmente o símbolo dos Antigos Mistérios.

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11.12.09

Pedido Legal

Postado por Cristie®


Tem coisa que é legal, mas tem coisa que é muiiito legal. Hahahahaha!!!

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11.12.09

Impressões

Postado por Cristie®



"O que mais me impressiona nos fracos,
é que eles precisam humilhar os outros,
para se sentirem fortes."

Mahatma Ghandi


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10.12.09

O Símbolo Perdido (Sinopse)

Postado por Cristie®



Depois de ter sobrevivido a uma explosão no Vaticano e a uma caçada humana em Paris, Robert Langdon está de volta com seus profundos conhecimentos de simbologia e sua brilhante habilidade para solucionar problemas.

Em 'O Símbolo Perdido', o célebre professor de Harvard é convidado às pressas por seu amigo e mentor Peter Solomon - eminente maçom e filantropo - a dar uma palestra no Capitólio dos Estados Unidos. Ao chegar lá, descobre que caiu numa armadilha. Não há palestra nenhuma, Solomon está desaparecido e, ao que tudo indica, correndo grande perigo.

Mal'akh, o sequestrador, acredita que os fundadores de Washington, a maioria deles mestres maçons, esconderam na cidade um tesouro capaz de dar poderes sobre-humanos a quem o encontrasse. E está convencido de que Langdon é a única pessoa que pode localizá-lo.

Vendo que essa é sua única chance de salvar Solomon, o simbologista se lança numa corrida alucinada pelos principais pontos da capital americana: o Capitólio, a Biblioteca do Congresso, a Catedral Nacional e o Centro de Apoio dos Museus Smithsonian.

Neste labirinto de verdades ocultas, códigos maçônicos e símbolos escondidos, Langdon conta com a ajuda de Katherine, irmã de Peter e renomada cientista que investiga o poder que a mente humana tem de influenciar o mundo físico.

O tempo está contra eles. E muitas outras pessoas parecem envolvidas nesta trama que ameaça a segurança nacional, entre elas Inoue Sato, autoridade máxima do Escritório de Segurança da CIA, e Warren Bellamy, responsável pela administração do Capitólio. Como Langdon já aprendeu em suas outras aventuras, quando se trata de segredos e poder, nunca se pode dizer ao certo de que lado cada um está.

Nas mãos de Dan Brown, Washington se revela tão fascinante quanto o Vaticano ou Paris. Em 'O Símbolo Perdido', ele desperta o interesse dos leitores por temas tão variados como ciência noética, teoria das supercordas e grandes obras de arte, desafiando-os a abrir a mente para novos conhecimentos.

***


O que está perdido...
... será encontrado.


Concebida e projetada por grandes mestres maçons - George Washington, Benjamin Franklin e Pierre L'Enfant -, a capital dos Estados Unidos, assim como Roma, está crivada de passagens secretas e túneis subterrâneos. Sua arquitetura, sua arte e seu simbolismo estão entre os mais interessantes do mundo. Porém há quem acredite que a cidade guarde algo mais...

Atraído para Washington sob o pretexto de dar uma palestra para um seleto grupo de convidados do Instituto Smithsonian, o famoso simbologista Robert Langdon se vê novamente desafiado a dsvendar um mistério secular.

Ao chegar ao Capitólio, local do suposto evento, Langdon descobre que seu amigo Peter Solomon, maçom do mais alto grau, está desaparecido. De repente, um grito chama a atenção para um sinistro objeto deixado no chão, no centro da Rotunda: a mão direita de Peter, cortada, reproduzindo um antigo convite para a iniciação no conhecimento secreto de todos os tempos.

Para salvar Solomon, Langdon não tem alternativa a não ser atender às exigências de seu sequestrador, Mal'akh, um homem extremamente forte, ambicioso, inteligente... e tatuado da cabeça aos pés. Ele afirma que Robert é a única pessoa no mundo capaz de destrancar um portal místico que lhe daria acesso irrestrito aos Antigos Mistérios.

Em sua corrida contra o tempo, Langdon vai contar com a ajuda de Katherine, irmã de Peter e renomada pesquisadora que acredita na relação entre misticismo e ciência moderna. Juntos, eles percorrerão os principais pontos da cidade e suas galerias subterrâneas, decifrando símbolos maçônicos e encontrando pistas disfarçadas à vista de todos na arquitetura de Washington.

***


Dan Brown é o autor de livros de suspense mais popular da atualidade. Seu Mega-seller O Código Da Vinci já vendeu mais de 80 milhões de exemplares em todo o mundo. Ele também escreveu Anjos e Demônios, Fortaleza Digital e Ponto de Impacto. Dan é casado com a pintora e historiadora de arte Blythe, que colabora nas pesquisas de seus livros. Ele mora na Nova Inglaterra, nos Estados Unidos.

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8.12.09

It's Complicated

Postado por Cristie®



Título Original: It's Complicated
Título Traduzido: Simplesmente Complicado
Gênero: Comédia
Elenco: Meryl Streep, Steve Martin, Alec Baldwin, John Krasinski, Robert Adamson, Blanchard Ryan e Hunter Parrish.
Estréia: 26/Fevereiro/2010

Sinopse: Jane é mãe de três filhos adultos, dona de um restaurante e tem, depois de uma década de separação, uma relação amigável com o ex-marido, o advogado Jake. Quando Jane e Jake vão à formatura do filho, as coisas começam a ficar complicadas. O inimaginável acontece: começam um affair. O problema é que Jake acabou de se casar novamente e Jane, agora se vê como a amante. No meio dessa confusão chega Adam, arquiteto contratado por Jane, que também está se recuperando de um divórcio. Ele apaixona-se por Jane e logo percebe que faz parte de um triângulo amoroso.


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7.12.09

"Eu Te Amo"

Postado por Cristie®





"Eu Te Amo"

Ah, se já perdemos a noção da hora,
Se juntos já jogamos tudo fora,
Me conta agora como hei de partir... Ah!

Se ao te conhecer, dei pra sonhar fiz tantos desvarios,
Rompi com o mundo, queimei meus navios,
Me diz pra onde é que inda posso ir...

Se nós, nas travessuras das noites eternas,
Já confundimos tanto as nossas pernas,
Diz com que pernas eu devo seguir...

Se entornaste a nossa sorte pelo chão,
Se na bagunça do teu coração,
Meu sangue errou de veia e se perdeu...

Como, se na desordem do armário embutido,
Meu paletó enlaça o teu vestido,
E o meu sapato inda pisa no teu...

Como, se nos amamos feito dois pagãos,
Teus seios inda estão nas minhas mãos,
Me explica com que cara eu vou sair...

Não, acho que estás se fazendo de tonta,
Te dei meus olhos pra tomares conta,
Agora conta como hei de partir... Ah!

Ps. Ah! que indecisão para escolher o vídeo... (rs) Ambos são belíssimos e retratam a época e a canção de uma forma tão distinta. Vale à pena ver e ouvir os dois. Divino!!!

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5.12.09

O Que Há...

Postado por Cristie®


O que há em mim é sobretudo cansaço —
Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo, ele mesmo,
Cansaço.

A sutileza das sensações inúteis,
As paixões violentas por coisa nenhuma,
Os amores intensos por o suposto em alguém,
Essas coisas todas —
Essas e o que falta nelas eternamente —;
Tudo isso faz um cansaço,
Este cansaço,
Cansaço.

Há sem dúvida quem ame o infinito,
Há sem dúvida quem deseje o impossível,
Há sem dúvida quem não queira nada —
Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser...

E o resultado?
Para eles a vida vivida ou sonhada,
Para eles o sonho sonhado ou vivido,
Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto...
Para mim só um grande, um profundo,
E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,
Um supremíssimo cansaço,
Íssimno, íssimo, íssimo,
Cansaço...

Álvaro de Campos (Fernando Pessoa)

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5.12.09

Memória De Minhas Putas Tristes

Postado por Cristie®


É apenas na aparência que esta inesperada e surpreendente história de amor entre um ancião e uma ninfeta se insere numa tradição da qual fazem parte o Vladimir Nabokov de 'Lolita', o Thomas Mann de 'Marte em Veneza' e o Yasunari Kawabata de 'A casa das belas adormecidas', ainda que este último tenha sido citado na epígrafe de Memória de minhas putas tristes e fornecido o mote a partir do qual o escritor colombiano Gabriel Garcia Márquez pôs fim a um período de dez anos longe dos romances.

Um leitor mais atento vai encontrar aqui as principais referências e motivações desse hino de louvor à vida e, por extensão, ao amor, já que um não existe sem o outro no imaginário do Prêmio Nobel de Literatura de 1982. Apesar de parecer estranho, uma dessas chaves está no conto de fadas A bela adormecida, que, não por acaso, é citado em um momento crucial dessa narrativa ambientada em uma cidade colombiana imaginária, numa época que de tão remota parece imemorial.

A semelhança com a famosa fábula do escritor francês Charles Perrault fica mais explícita na adolescente, que aqui surge dormindo, como se estivesse à espera do seu príncipe encantado. Mas ela também está presente no velho jornalista, narrador dessas memórias, que vai viver cerca de cem anos de solidão embotado e embrutecido, escrevendo crônicas e resenhas maçantes para um jornal provinciano, dando aulas de gramática para alunos tão sem horizontes quanto ele, e, acima de tudo, perambulando de bordel em bordel, dormindo com mulheres descartáveis.

Só quando acorda ao lado da ainda pura ninfeta Delgadina é que este personagem vai ganhar a humanidade que lhe faltou enquanto fugia do amor como se tivesse atrás de si um dos generais que se revezaram no poder da mítica Colômbia de Gabriel Garcia Márquez. O medo do amor é tão superlativo que o anti-herói dessas memórias vai preterir conviver com a mais terrível ameaça para o macho latino: o fantasma da impotência. E enquanto tivesse forças, resistiria ao poder do amor.

Parte desse medo se deve aos ridículos a que o amor nos expõe, aqui elevado à última potência em cenas como a que o ancião anda numa bicicleta cantando “com ares do grande Caruso”, ou aquela em que destrói um quarto de bordel. por mais que lidemos com esse sentimento como se fosse um paletó dois números acima do nosso, apenas ele e tão somente ele, o amor, nos faz humanos, como desde tempos imemoriais a arte vem tentando provar. Seja nos boleros mais sentimentais, que ressoam nas paixões evocadas pelos grandes mestres da ficção, ou em obras-primas como esta.

“Não devia fazer nada de mau gosto, advertiu a mulher da pousada ao ancião Eguchi. Não devia colocar o dedo na boca da mulher adormecida nem tentar nada parecido.”
Yasunari Kawabata
A casa das belas adormecidas

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